sexta-feira, novembro 13, 2009

Obras que falam

Como é bom tomar um café ao ar livre. Não parece ser assim quando nos sentamos à mesa na Farnswhorth house? Junto ao sabor de nossas torradas descobrimos novas folhas ainda mais verdes que na última primavera. Os painéis de vidro me colocam em permanente contato com a natureza mais imediata. Recebendo estímulos, vendo as nuvens, as luzes e suas sombras, percebendo o continuo fluxo do tempo. Nunca tomaremos o mesmo café nesta casa, a cada dia ele terá um sabor diferente


.
Farnsworth House / Mies / 1946

“Paredes, eu não preciso me apoiar ou me esconder” diria Mies. Um homem moderno não tem o que esconder, almejamos a igualdade, a democracia e a transparência de nossa sociedade. Os amigos são nossa família, não existem espaços reservados, privados ou sociais. Pendurar quadros, não se faz necessário, já temos telas que fluem constantemente a nossa frente. Visualizamos um mundo em eterno movimento, eterna mudança.

A mobília se funde à arquitetura, na realidade não sabemos bem o que é cada coisa. As zonas limitantes se perdem e se fundem. As coisas e a casa têm uma só unidade.

Mies sabia que os ornamentos nunca mais seriam os mesmos em uma sociedade industrial. Para que tantos armários se aqui necessitamos tão pouco? Nem se torna necessário falar em less is more, frase cunhada por Mies.

A casa esta afastada do solo porque logicamente o terreno sofre nas cheias do Fox River. Existem muitas imagens que retratam esta situação. Mas sinceramente, não foi por isto que ele a levantou. Existe algo maior nas idéias de Mies. Talvez aí mostramos nosso grande defeito em sermos apenas modernos: não conseguimos mais sentir a natureza de igual para igual, sendo parte integrante dela, temos que estar como Mies a 1 metro do solo. Nos sentimos superiores.

O estilo moderno na arquitetura é o que eu mais admiro e gosto.

Um comentário:

  1. Esta casa do Mies realmente é sensasional! muito legal seu blog, parabéns! já estou seguindo!

    ResponderExcluir