sexta-feira, agosto 20, 2010

Em edifício histórico, vidro e metal criam espaço para as minas

Inaugurado na segunda quinzena de junho, o Museu das Minas e do Metal, em Belo Horizonte, ocupa um imóvel histórico na praça da Liberdade, habilitado para o novo programa por Paulo e Pedro Mendes da Rocha. Volumes envidraçados, que contêm elevador e escadas, e blocos em forma de U, com revestimento metálico em tom vermelho, foram as soluções que os arquitetos - pai e filho escolheram para resolver a circulação interna.


O convite veio pouco antes de Paulo Mendes da Rocha ser contemplado com o Pritzker, em 2006: sem ter nenhuma obra em Minas Gerais, ele foi chamado pelo governo do estado para desenvolver um dos projetos do Circuito Cultural Praça da Liberdade, programa idealizado para dar novo uso aos edifícios históricos que ficariam desocupados com a transferência da administração pública para a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves.

A proposta previa que o imóvel construído em 1897 (projeto do pernambucano José de Magalhães), cujo último ocupante foi a Secretaria da Educação estadual, abrigasse o Centro de Indústria, Arte e Cidade (Ciac). A pretensão inicial não prosperou, mas foram mantidos a idéia de uso cultural e o convite ao arquiteto, que desenvolveu a adaptação do prédio para receber o Museu das Minas e do Metal, financiado pelo grupo EBX (do empresário Eike Batista), que atua na área de mineração. O grupo informa ter investido 25 milhões de reais no projeto.


As mais de 40 atrações do Museu das Minas e do Metal são, sobretudo, virtuais e interativas, tratando de temas que vão da importância dos metais na vida das pessoas à sua relevância para a economia do país. Os espaços expositivos espalham-se pelo três pavimentos aflorados da edificação (no embasamento ficam a biblioteca, a administração e a reserva técnica). No térreo, chamado de nível Liberdade, são apresentadas informações sobre a cidade de Belo Horizonte, a praça da Liberdade e a implantação do museu. No primeiro andar estrutura-se o Museu das Minas e no segundo estão distribuídos os equipamentos com as atrações do Museu do Metal (por exemplo, uma maquete interativa que exibe as operações de uma mina de ferro).

A intervenção no prédio de Belo Horizonte se aproxima do projeto do Museu da Língua Portuguesa (leia PROJETO DESIGN 315, maio de 2006), dos mesmos arquitetos, não só por apostar na interatividade e compartilhar também o autor do projeto museológico, Marcelo Dantas. Em ambos os casos, a principal exigência era acrescentar às edificações um sistema de circulação eficiente para receber um grande número de visitantes. Diferente do museu paulista, porém, no mineiro o acréscimo evidencia-se também na parte externa, estabelecendo um contra ponto com a construção original.
O projeto concentrou-se no corpo posterior. Acrescentado ao prédio original na década de 1960 e arquitetonicamente irrelevante, ele foi parcialmente removido e sobre a parte remanescente implantou-se o volume cego, composto de chapas metálicas de cinco milímetros. Também metálicas, fundações que independem da construção anterior sustentam a nova edificação, evidenciada pela cor vermelha dada pela pintura automotiva.


O pavimento novo, em forma de U, envolveu o vazio existente entre o edifício histórico e seu anexo. A conexão criou uma galeria que se junta aos salões expositivos do prédio antigo. Foram agregados ao bloco contemporâneo dois volumes de vidro laminado que equacionam a circulação de visitantes. 

O primeiro, que contém um elevador para passageiros e cargas, fica no extremo norte da edificação; o outro abriga a escada.

Se externamente o destaque da intervenção são os volumes novos, no interior chama a atenção o grande vazio central, o coração do espaço, que tem a altura de três andares. A cobertura envidraçada dessa área, segundo os autores, consolida uma intervenção executada nos anos 1980. Ela foi atualizada com o emprego de uma estrutura metálica de vigas-calha de seção Vede vidros transparentes.

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