domingo, agosto 01, 2010

Lofts no Chile unem modernidade e tradição em paisagem colorida.


 Le Corbusier, na década de 1920, idealizou o conceito do loft. Em 70, na zona portuária de Nova York, galpões e toda sorte de construções livres de divisórias internas foram adaptadas para a moradia de profissionais liberais e artistas. O loft tornou-se um estilo de vida, uma opção “cool” de morar. Nos anos 2000, na cidade de Valparaíso, no Chile, dois arquitetos apostaram na fórmula “gente jovem, descolada + atmosfera cultural e boêmia” para empreender duas obras: os lofts “Yungay”.

Projetado em 2008 pelos sócios Antonio Menéndez e Cristian Barrientos – da Rearquitectura, a segunda leva dessas moradias de ambientes integrados é mais que um prédio com 20 lofts. O Yungay 2 é a forma em concreto da união entre as referências históricas e a modernidade construtiva em cores intensas e respeito pelo ambiente urbano (Patrimônio Cultural da Humanidade desde 2003).

A construção fica sobre um dos muitos morros que se alinham à costa do Pacífico. Como as casas ao redor são vivamente coloridas e de porte pequeno, o conjunto de lofts também aderiu a este formato. O Yungay 2 é um condomínio, mas não um bloco. As unidades foram divididas em três pavimentos e duas fachadas principais. Cada nível e cada um dos dois lados apresentam diferenças que criam um todo harmonioso.
O projeto fica no Cerro Yungay, na encosta propriamente dita e, por isso, enfrenta sob suas fundações um íngreme declive. A leste está a rua que também abriga o primeiro conjunto de lofts homônimo projetado por Menéndez e Barrientos. A oeste, a falésia e a imensidão do oceano, que pode ser avistado do topo do Yungay 2, nos terraços.

Desconstruindo

A fundação do Yungay 2 se estabelece em acordo com os desníveis do terreno. Assim, as unidades são baseadas em plataformas que se adaptam ao relevo e não em uma estrutura única. Não houve a necessidade de muros de contenção ou grandes perfurações na rocha, mas sim dois eixos que garantem a “amarração” das plataformas sobre um alicerce profundo em direção ao declive.

Os eixos centrais são correspondentes à orientação norte-sul dos corredores, ou seja, no “comprimento” do prédio. Tais espaços de circulação são constituídos em três níveis ligados por escadas curtas, o que demonstra a adaptação da obra ao terreno. No topo, claraboias auxiliam na iluminação dos corredores.
A base de alicerçamento em pequenas plataformas faz com que a sensação de unidade da construção não determine, em consequência, a percepção do todo como algo “maciço”. Menéndez explica que a ideia era criar uma construção fragmentada em série, o que ganhou força coesiva com a escolha da aplicação de um padrão de cores.

A paleta reúne a brasilidade da combinação verde, amarelo e azul que colore os lofts Yungay 2 em tons diversos dos três matizes, ordenados em sentido decrescente de um azul escuro a um amarelo vibrante. O material que recebe as cores é típico nas fachadas regionais: são chapas onduladas de aço galvanizado que se alinham às janelas de madeira, também comuns, e outras de vinil (PVC) em grande formato e cheias de ares modernos. Tais janelas se destacam em branco, assim como as sacadas e esquadrias e que delimitam os espaços internos das unidades e funcionam como molduras neutras às cores vibrantes das placas em ondas. Sob o aço galvanizado, as paredes têm 15 cm de espessura, chegando aos 20 cm nas bases próximas à rocha, o que diminui a possibilidade de infiltração.

A disposição

Os lofts estão dispostos em três pavimentos, e em cada um deles, a forma da moradia se altera. Pela fachada voltada ao leste (na rua General Mackenna) estão cinco dos 11 triplex, sendo que os outros seis compõem a linha superior de apartamentos da fachada oeste (falésia). Ao rés da rua ainda é possível ver o foyer e, em ambos os lados, garagens.

Na fachada oeste estão as outras nove unidades. A linha “baixa” reúne os lofts dúplex e as janelas, que “dividem” as duas sequências coloridas, correspondem às moradas de apenas um pavimento. Todos os triplex têm dois quartos e terraços no andar mais alto. Os demais contam com um dormitório. Todas as unidades são equipadas com a estrutura de uma cozinha americana, e os dúplex têm a vantagem de se estender em um balcão gramado frente ao oceano Pacífico.

As unidades têm algumas diferenças estruturais. Em três, sendo um de cada formato, há closets. Nos dúplex e “singles” há área de serviço. Nos dúplex os degraus são fixados na parede em perfis de metal, enquanto nos triplex as escadas podem ser em caracol.

Todas as unidades são revestidas com ardósia em formato retangular pequeno, enquanto as escadas são compostas em pínus vitrificado. Nos terraços, cerâmica, e nos balcões, grama. Nas áreas comuns o piso leva porcelanato e as paredes mantêm as cores usadas na fachada externa, mas agora em tons pasteis. Os halls se compõem com painéis verticais de vidro, carpete nas escadas e papéis de parede com acabamento em vinil.

Em Yungay 2 não há excessos. Estes ficam por conta da beleza da costa de Valparaíso e da cultura que a cidade emana. Aliás, o primeiro empreendimento autogerido do escritório Rearquitectura, o Yungay, preservou as fachadas das construções que já estavam em pé quando os arquitetos ocuparam o terreno. Nesta cidade chilena, parece que bom gosto, moradias design e história arquitetônica podem conviver. (Daiana Dalfito, Colaboração para o UOL)

 fonte: http://casaeimoveis.uol.com.br/projetos/arquitetura/lofts-no-chile-unem-modernidade-e-tradicao-em-paisagem-colorida.jhtm

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