quarta-feira, maio 04, 2011

Laje nervurada

Uma das novas opções, laje nervurada pode reduzir gastos com materiais de construção e mão de obra


André Arquitetura Integrada/Divulgação
Lage nervurada
Laje nervurada permite alterar a disposição dos ambientes, mobiliários e equipamentos
A evolução da arquitetura, que leva à aplicação de vãos cada vez maiores nos projetos residenciais e comerciais, e o alto custo das formas de madeira e metálicas, tornaram as lajes maciças desfavoráveis economicamente, na maioria das construções. Nesse cenário, surgem como uma das opções a laje nervurada. De acordo com o engenheiro civil da Oliveira Silva Consultoria e Projetos, Pedro de Oliveira Silva, ela é basicamente composta por vigotas ou nervuras, de altura e espessura relativamente baixas quando comparadas com as seções de vigas tradicionais, espaçadas simetricamente entre si de maneira a formar estrutura similar a uma grelha.

A utilização das lajes nervuradas, afirma ele, resulta na versatilidade de poder alterar as disposições dos ambientes, mobiliários e equipamentos. Na opinião do engenheiro, a laje nervurada é ideal para empreendimentos que necessitam de vãos entre vigas ou pilares maiores, como edifícios comerciais e institucionais e projetos residências ousados. "Não vale a pena utilizar essa tecnologia em casas com ambientes pequenos".

A definição pela estrutura nervurada ou maciça, diz ele, deve partir do engenheiro, levando em consideração a qualidade do produto, quando o cliente pretende investir, e o tamanho dos vão livres em cada ambiente. Para o especialista, optar por um ou outro tipo de metodologia na construção de residências, por exemplo, dependerá do projeto. Ele lembra que para obter bom nivelamento da laje maciça é preciso muita madeira, atenção com o escoramento, com o tamanho dos vãos e capricho ao espalhar o concreto, seja pronto ou virado na obra. Além disso, o uso de madeira com falhas, alerta ele, pode fazer o escoramento romper e provocar queda das peças durante a concretagem, colocando em risco a vida dos empregados.

As lajes nervuradas, por possuírem menos vigas, podem proporcionar ainda economia nas formas e na redução da mão de obra com amarração das armaduras. Outras vantagens: elas são duas vezes mais resistentes ao fogo, facilitam a execução da armação e instalações elétricas e hidráulicas. "Dependendo da obra, a aplicação dessa tecnologia pode representar economia em torno de 10% em comparação com a laje de concreto armado", contabiliza o engenheiro.

Arquiteta da Archè Arquitetura Integrada, Denise Neves diz que a estrutura convencional contém muitos pilares de sustentação, reduzidos para um ou poucos com o uso da laje nervurada, tornando o ambiente com vão enorme. Permite, também, projetar pé-direito e elimina problemas como furação de vigas. "Além do ganho técnico construtivo, o modelo oferece um ganho estético muito interessante", ressalta ela.

À medida que os vãos cresceram e as alvenarias foram apoiadas sobre a laje, explica Denise Neves, o emprego de laje maciça leva à espessuras antieconômicas. Ela ressalta que a utilização da laje nervurada é opção competitiva quando se trata de grandes vãos livres, da ordem de sete a 15 metros entre apoios. No sistema nervurado, afirma a arquiteta, tem-se alívio do peso próprio da estrutura e aproveitamento mais eficiente dos materiais, aço e concreto, já que a mesa de concreto resiste aos esforços de compressão e a armadura os de tração.

Denise Neves diz que o conhecimento de tecnologias e materiais é indispensável para o sucesso do projeto e que também o arquiteto tenha domínio sobre essas questões técnicas. Ela sugere que, diante da variedade de opções, oriente o cliente qual é a melhor para o projeto. "A função do arquiteto não se limita apenas a conceber uma bela arquitetura, mas deve-se estender ao gerenciamento dos diversos projetos envolvidos no empreendimento, bem como a interface com o construtor", completa.

Por definição normativa, (ABNT NBR 6118:2003) lajes nervuradas são lajes moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração é constituída por nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte. Esses materiais de enchimento entre as nervuras visam diminuir o peso próprio da estrutura e melhorar o acabamento do elemento, quando comparado com a laje maciça tradicional.

Ousadia surpreende


Ao conceber o projeto da residência da dentista Andréia Malta Carrara, no Vale dos Cristais, em Nova Lima, Região Metropolitana, Denise explorou a solução estrutural, que surpreende pelos balanços ousados. Apesar da importância que as lajes nervuradas de concreto assumem como geradoras do espaço - é a partir delas que se desenvolve o raciocínio arquitetônico -, outros elementos sobressaem: casa afastada do solo, pé-direito alto, sala com 9,70m por 7,70m de vão livre e garagem com 8m por 6,50m.

De acordo com Andréia, a decisão pela laje nervurada só foi autorizada após ouvir a opinião de um engenheiro amigo da família. "Não sabia que existia esse tipo de laje. Quando me sugeriram, eu me informei sobre segurança e viabilidade". Segundo o engenheiro Pedro de Oliveira, outras vantagens são reflexo direto no custo ou facilidade de execução com o uso da laje nervurada.

"Como as lajes trabalham com tensões relativamente baixas, é possível retirar antecipadamente o escoramento e as fôrmas e aumentar a velocidade da obra. A ausência de vigas leva à economia de material, redução do peso próprio da estrutura e da mão de obra e melhor aproveitamento dos espaços", comenta. Ele diz que estão sendo feitas pesquisas para o emprego de garrafas PET como elemento inerte entre as nervuras na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em Sobral, Ceará. O uso da PET possibilitaria economia superior a 40% sobre o custo de lajes de materiais convencionais, além de ser ecológico.

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