terça-feira, maio 24, 2011

Painel inspirado no cordel unifica blocos desiguais

O painel tem 80 desenhos inspirados em xilogravuras de livretes de cordel

O painel tem 80 desenhos inspirados em xilogravuras de livretes de cordel

Inaugurado no reinado de d. Pedro 2°, o prédio onde funciona a Assembleia Legislativa de Alagoas ganhou com o tempo anexos que contribuíram para sua desvalorização no contexto urbano. O projeto do arquiteto Mário Aloísio Melo usa um painel vazado de alumínio, com desenhos inspirados na cultura popular alagoana, para unificar os blocos secundários e criar uma composição que devolve ao prédio sua importância na paisagem.
A Assembleia Legislativa de Alagoas ocupa o Palácio Tavares Bastos, construção de 1851 localizada no centro de Maceió. Com o passar dos anos, o prédio foi se tornando pequeno para as atividades parlamentares e ganhando anexos nas faixas laterais e do fundo do lote, onde passaram a funcionar os gabinetes dos deputados. Com exceção do primeiro bloco, projetado por Zélia Maia Nobre e implantado no flanco direito, os demais não tinham valor estético nem estabeleciam relação com o palácio, o que diminuiu sua importância no contexto urbano.

Além da ausência de identidade arquitetônica, os acréscimos não ofereciam condições adequadas para acomodar deputados, assessores e demais funcionários, o que levou à abertura de uma licitação para adaptar a edificação às necessidades diárias. A solução vencedora, apresentada por Mário Aloísio Melo, do escritório Traço Planejamento e Arquitetura, partiu da ampliação dos anexos e da unificação das fachadas.
Os anexos contornam o Palácio Tavares Bastos, inaugurado em 1851
Os anexos contornam o Palácio Tavares Bastos, inaugurado em 1851
Os painéis de alumínio unificam os blocos anexos construídos em torno da Assembleia Legislativa
Os painéis de alumínio unificam os blocos anexos construídos em torno da Assembleia Legislativa
O acesso principal está no centro do prédio original
O acesso principal está no centro do prédio original
“O grande problema era a falta de espaço. Havia departamentos que a Assembleia queria levar para o prédio principal, mas não tinha lugar. Também não havia como adquirir terrenos adjacentes, pois o edifício está em uma área com cerca de dez metros de desnível em relação às ruas de fundo e laterais. A saída foi ocupar todo o limite do perímetro e criar o pavimento superior dos anexos. Com isso conseguimos atender os atuais 28 deputados, mas se o número aumentar não haverá lugar para todos”, resume Melo.

O aumento na área construída é de pouco mais de 1,3 mil metros quadrados.
Todas as construções existentes foram mantidas e reestruturadas em acordo com as novas cargas previstas; apenas um dos volumes necessitou de estrutura completamente nova.

Além de diversos modelos de esquadrias e acessos autônomos, os anexos tinham diferentes níveis de piso, problema que foi resolvido com a criação de rampas que permitiram integrá-los como se fossem uma edificação única.

Detalhe da face leste
Detalhe da face leste
O detalhe da face oeste mostra o contraste entre o novo e o antigo
O detalhe da face oeste mostra o contraste entre o novo e o antigo
A passarela preexistente ganhou novas esquadrias de fechamento e manteve sua função original, de interligar os anexos ao plenário, localizado no primeiro andar do palácio. As antigas entradas independentes foram substituídas por uma nova, sob a passarela.

Externamente, a unificação dos blocos já previa o uso de uma pele metálica vazada de grande apelo estético, que ajudasse a resgatar a importância do prédio original.

“Ao pesquisar as opções, encontrei o artista plástico J. Maciel, que criou o painel compositivo com cerca de 80 imagens representativas da cultura popular alagoana, inspiradas nos livretes de cordel”, detalha Melo.
Com seis metros de altura e 200 de extensão, essa pele é formada por aproximadamente 2,4 mil módulos de 80 x 80 centímetros, feitos com alumínio reciclado fundido. Em acordo com o projeto, ela deveria estar a 60 centímetros das paredes, a fim de possibilitar a realização de serviços de pintura e manutenção.
Porém, como o alinhamento externo varia, em alguns pontos essa distância é bem menor. “Só percebemos o problema na hora de instalar o painel. Se tivéssemos visto antes, teríamos encontrado um jeito de resolver”, lamenta o arquiteto.

O projeto abrangeu ainda algumas intervenções no palácio, a maioria a título de manutenção, como troca de reboco e pintura. A exceção ficou por conta da abertura de uma sala para a imprensa na parte de trás do plenário e da instalação do estúdio da TV Assembleia na porção frontal.
Também foram reformulados os setores de atendimento ao público e aqueles que funcionam diretamente ligados ao plenário, tais como taquigrafia, atas e protocolos. Como o plenário havia sido reformado há pouco tempo, não demandou intervenção.
No total são 2,4 mil módulos de 80 x 80 centímetros, feitos com alumínio reciclado fundido
No total são 2,4 mil módulos de 80 x 80 centímetros, feitos com alumínio reciclado fundido
O prédio onde funciona o Legislativo foi originalmente construído para ser a sede do Tesouro estadual
O prédio onde funciona o Legislativo foi originalmente construído para ser a sede do Tesouro estadual
Desenhos
O bloco dos anexos ganhou um pavimento, o que permitiu acomodar os 28 deputados
O bloco dos anexos ganhou um pavimento, o que permitiu acomodar os 28 deputados
Passarela interliga os anexos ao plenário, no primeiro andar do prédio antigo
Passarela interliga os anexos ao plenário, no primeiro andar do prédio antigo
Vista posterior do prédio. O desnível entre as ruas chega a dez metros
Vista posterior do prédio. O desnível entre as ruas chega a dez metros
Passarela ganhou novas esquadrias de fechamento
Passarela ganhou novas esquadrias de fechamento
Texto de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 366 Agosto de 2010

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