terça-feira, junho 07, 2011

Copa 2014 – a importância do controle de orçamento de obras

No dia 30 de outubro de 2007, o mundo assistiu à eleição do Brasil como país sede da Copa do Mundo de 2014. Praticamente 4 anos se passaram desde o anúncio realizado em Zurique, na sede da FIFA, e as obras previstas não mostram uma evolução satisfatória desde então. Já faz algum tempo que os órgãos públicos brasileiros vêm sofrendo inúmeras cobranças de diversos setores para acelerarem as construções dos estádios. Nas últimas semanas, as maiores cobranças ao governo vieram da própria imprensa brasileira. A menos de 4 anos para a Copa do Mundo no Brasil, vamos entender de que forma esta demora pode afetar o governo brasileiro em diversas outras áreas.

Semana passada, a revista Veja, em sua edição de número 2.218, apresentou uma matéria de 10 páginas detalhando a situação dos estádios brasileiros que estarão na Copa. A situação diagnosticada é grave: segundo a reportagem, se o ritmo das obras continuar da mesma maneira, o Brasil estará pronto para o evento apenas em 2038. A revista revela que dos R$ 23,7 bilhões previstos para o orçamento total, apenas R$ 590 mil foram investidos, 7,5% do total.


Para realizar a reportagem, a revista organizou uma verdadeira operação aérea, com fotógrafos sobrevoando cada um dos 12 estádios previstos para abrigar as seleções de todo o mundo. Exceção feita ao estádio Castelão, no qual o ritmo das obras anda dentro do prazo para 2013, todas as outras reformas estão atrasadas. As situações mais críticas, conforme a reportagem, estão nas sedes Curitiba, Natal e São Paulo: na primeira, há um entrave entre o Atlético Paranaense e o Estado para decidir quem irá desembolsar os R$ 130 milhões da obra; em Natal, o Estádio Machadão dará lugar à Areia das Dunas, mas ele ainda precisa ser demolido; em São Paulo, as obras do futuro estádio do Corinthians só começaram nesta semana, no dia 30/05.

Entre as possíveis razões para o atraso elencadas pela Veja, estão: o fato de se ter 12 cidades-sedes, que dificulta a centralização dos investimentos; a falta de um órgão para gerenciar, fiscalizar e cobrar a execução dos projetos – na África do Sul, por exemplo, o governo arcou com 98% dos gastos e controlou o cronograma; dificuldade de se obter recursos rapidamente – as obras não conseguem financiamentos no prazo adequado frente ao BNDES, que, por sua vez, retém a verba porque os contratantes não cumprem as obrigações contratuais; por fim, o velho costume de que em cima da hora o dinheiro costuma aparecer – no Pan, que também tinha obras atrasadas, o orçamento total foi de R$ 4 bilhões, dez vezes a projeção inicial.

Além dos estádios

Um estudo realizado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) prevê que nove aeroportos brasileiros não ficarão prontos a tempo da Copa 2014. De acordo com o instituto, as obras dos aeroportos de Manaus, Fortaleza, Brasília, Guarulhos, Salvador, Campinas e Cuiabá só ficariam prontas em 2017, tomando por base os prazos médios de elaboração de projetos e licenciamentos do país. Os de Confins e Porto Alegre já estão com projetos básicos prontos, entretanto, também não ficariam prontos dentro do prazo. Veja aqui a matéria da Folha.com sobre o estudo.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, admitiu a preocupação do governo com o cumprimento dos prazos, após o seminário Infraestrutura de Transporte no Brasil, realizado em São Paulo, no dia 27/5. “Tudo nos preocupa, porque queremos fazer um evento de máxima qualidade, mas os desafios na área de transporte são muito maiores que a Copa do Mundo”, afirmou a ministra.


Douglas Vivian, especialista do setor de serviços da TOTVS, acredita que os aeroportos ficarão prontos a tempo, mas chama atenção para as falhas apresentadas até então. “Possivelmente, as obras serão entregues, mesmo que de forma parcial e a qualquer custo, para enfim termos a tão esperada Copa do Mundo. O fato é que todos esses atrasos comprovaram a nossa incompetência em planejar e executar, o que, aliado aos interesses políticos, demonstra que ainda não estamos suficientemente maduros para mostrarmos ao mundo todo o potencial do Brasil”.

Mesmo com todas as dificuldades apontadas, Douglas tem confiança de que o Brasil irá sediar uma boa Copa do Mundo. “Tenho certeza de que vamos aproveitar esta grande oportunidade para crescer como país e como povo, mostrando a todos o orgulho de ser brasileiro. Esta é a hora de passar por cima de tudo e fazer com que o mundo veja o nosso poder de superação, desta vez planejando com empenho e organização”.

fonte: Blog da TOTVS

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