sábado, agosto 13, 2011

Artacho Jurado - Arquitetura Proibida


A São Paulo da década de 1950 viu brotar em seus pontos nobres um novo estilo de construção residencial: apartamentos amplos, de fachadas extensamente decoradas e criados para satisfazer a expectativa do público da classe média emergente na época, o que implicava oferecer aos moradores um conjunto de instalações até então inusitadas em condomínios, como jardins de inverno, solário, piscina, salão de leitura, salão de festas e grandes saguões de circulação.

O idealizador dessas edificações era João Artacho Jurado, empresário que soube aliar em seus projetos quesitos como boa localização, conforto, espaço, baixo preço de venda e, até, recursos para garantir o barateamento de contas de manutenção do condomínio, de modo que o consolidasse como opção atraente de habitação.

No livro Artacho Jurado: Arquitetura Proibida, Ruy Eduardo Debs Franco faz um balanço da trajetória e legado de Jurado, nos quais se mesclam inovações arquitetônicas, ousadia empresarial, autodidaxia e controvérsias estéticas. Com sua publicação, coloca-se em discussão mais um aspecto da história da urbanização e produção arquitetônica na capital paulista.

Bretagne, Cinderella, Parque das Hortencias, Apracs (Scarpa ao contrário)... Só pelos nomes, tão distantes da realidade paulistana, não dá para imaginar que esses prédios contam um dos episódios mais interessantes da arquitetura da capital.

Todos foram projetados pelo empreendedor autodidata João Artacho Jurado (1907-1983) e partilham cores, formatos e materiais inusitados para o período em que foram construídos, em meados do século 20.

Devido à sua ousadia, Artacho, que não se formou em arquitetura, foi muito criticado por arquitetos da época. João Artacho Jurado foi um empresário paulista, proprietário da Construtora Monções, depois com nome alterado para Scarpa.

Artacho Jurado começou a trabalhar na década de 1930 e sua produção se aprofundou nas décadas de 40 e 50. Apesar de não ser arquiteto, idealizava os prédios e pedia para algum arquiteto assinar as plantas. Artacho não frequentou escolas pois seu pai, que era anarquista, se recusava a deixar seu filho jurar a bandeira, cerimônia obrigatória nas escolas da época.

Numa época de arquitetura racionalista, Jurado pregou a exuberância.

Misturou pilotis, pastilha, gradis, ornatos, boulevards internos, piscinas sinuosas nas coberturas, curvas acintosamente decorativas. Forma não era função, definitivamente. Era um “hollywoodiano”, um Gaudi dos anos 50. O espetáculo não era apenas o que saía de sua prancheta, mas também as estratégias de comercialização. Afinal, ele era empreiteiro antes de ser arquiteto. 

Sua arquitetura reflete os sonhos hollywoodianos do pós-guerra em uma mistura de estilos e linguagens: o moderno, o nouveau, o déco e o clássico. Visando a classe média-alta e alta, seus edifícios eram projetados com uma série de serviços e opções de lazer: piscina, terraço com bar na cobertura, onde eram promovidas as festas de inauguração.

Constantemente fiscalizado pelo CREA, nas placas de suas obras seu nome não podia figurar em tamanho maior do que o nome do engenheiro responsável. No entanto, Artacho Jurado dificilmente obedecia à imposição, aumentando a ira de alguns arquitetos, que consideravam ultrajante sua atuação profissional, visto que ele não era arquiteto formado.

O reconhecimento de suas obras foi tardio, uma vez que nunca lhe foi permitido assiná-las

Um comentário:

  1. O Artacho tem 3 edificacoes na orla de Santos, 1 pca e 2 predios. Muito show a arquitetura, abs
    Renato

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