quarta-feira, novembro 10, 2010

Da terra nasce o lar

Quando adquiriu o terreno de 1.000 m² no alto da montanha, em Ubatuba (SP), o arquiteto Sergio Leal sabia que tinha um desafio pela frente: o acesso. A dificuldade em chegar ao topo da serra o fez retardar a construção de sua casa de veraneio. Foram anos até que sua amiga, a arquiteta Marcia Macul, lhe deu uma ideia: erguer ali uma casa sustentável, ecológica, econômica. O uso de recursos locais, como terra, pedras, bambu e mão de obra, barateou em aproximadamente 40% o custo da obra, se comparada à construção de alvenaria. E com o projeto voltado à sustentabilidade, cerca de 50% do trabalho também foi reduzido. "A execução não foi fácil, devido à novidade da construção, mas tornou- se prática e rápida, economizando tempo e dinheiro"


Construção caiçara
O arquiteto explica que a casa de 110 m² foi desenhada na área mais plana da propriedade, o que
poupou maquinário e mão de obra para a terraplanagem: "Fizemos um pequeno recorte no local definido e aproveitamos a mesma terra retirada para realizar a construção". O material deu origem aos pilares de sustentação: em vez dos comuns, feitos de cimento, o profissional optou por uma técnica antiga, a taipa de pilão. Nesse método, primeiramente, é preciso peneirar toda a terra a ser usada, junta-se então "baba de cupim" - apesar do nome, esse não é um produto encontrado na natureza e, sim, um aditivo industrializado à base de óleo e resíduos vegetais, criado para estabilização de solo, usado em pavimentação de asfalto - e, por fim, soca-se a mistura num pilão.


Sustentabilidade é economia por inteiro

Esse conceito não está ligado apenas ao respeito à natureza ou à redução de gastos. Para seguí-lo, "é preciso pensar de forma macro", como explica Sergio Leal. A contratação de mão de obra local, estimulando o desenvolvimento regional, também faz parte do pensamento. Dessa forma, os carpinteiros de Ubatuba Mané da Almada e Baeco do Sertão do Ubatumirim, a quem Sergio faz questão de citar, tiveram participação importante e estratégica. A redução de recursos naturais, como água, e a tentativa de evitar desperdício durante a obra são outras obrigatoriedades, como diz o arquiteto: "Tudo o que é possível reduzir ou reciclar está inserido nessa ideia".





Contribuição da história

O madeiramento estrutural é convencional, teve de sair do depósito e subir a serra para ocupar sua função. Mas as portas e janelas foram feitas no local, com as sobras do material comprado. Para executá-las, usou-se a técnica de encaixe (sem o uso de pregos), típica de construções bandeirantistas. Essa sabedoria popular também ajudou a reduzir o custo da obra.






 Natureza, grande aliada

A casa de três quartos, dois banheiros e sala e cozinha integradas foi posicionada para potencializar o sistema de ventilação e tirar proveito da vista para o mar. "O estilo é bem caipira e simples", conclui Sergio, que ainda pretende instalar aquecedor solar alternativo com garrafas PET e rede hidráulica com captação de água da chuva.



O bambu que havia ho terreno deu origem ao mezanino e ajudou a criar detalhes para melhorar a ventilação 
 




Os sistemas de hidráulica e elétrica são aparentes, o que diminui problemas e evita gastos com instalação


fonte: http://portalcasaecia.uol.com.br/ESCM/economia-obra/1/artigo188940-3.asp

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