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quinta-feira, dezembro 12, 2013

Renovação da tradição mexicana de morar


Porque restaurar é dar nova vida à obra




O que se vê aqui não é uma morada comum. Parte desta casa data do final do século 19, a outra parte é recente. Quando os atuais proprietários arremataram o imóvel, em 2006, o que ocupava seu terreno era apenas uma mal cuidada construção que um dia abrigou a produção de fibra de sisal. Eles então contrataram os serviços de Salvador Reyes Ríos e Josefina Larraín Lagos, do escritório Reyes Ríos + Larraín Arquitectos.

O conceito do projeto elaborado pelos arquitetos era simples: a preservação da tradição arquitetônica local. Assim, depois de um cuidadoso levantamento, definiu-se o que manter e o que demolir da construção original. Em seguida, traçou-se o desenho da arquitetura nova, que integraria as reminiscências da casa antiga. A principal preocupação era elaborar uma morada coesa, que não parecesse um Frankenstein.



Foram empregados como acabamentos materiais muito particulares, que fazem referência aos históricos métodos construtivos mexicanos. Na fachada aplicou-se um estuque cuja resina de base vem da árvore Chukum, típica da região. As paredes de concreto, moldadas in loco, levam em sua composição terra vermelha do tipo Cancab, característica do sul de Yucatán. Assim, a identidade mexicana da casa fortificou-se.

As dimensões planas generosas, os pés-direitos altos, as proporções de aberturas e as orientações dos cômodos respeitam o fazer arquitetônico tipicamente mexicano. Ainda assim, há, claro, alguma reinterpretação com viés atual feita pelos autores do projeto. O resultado é uma morada de 429 m², cuja área divide-se em dois blocos. No centro, onde há um pátio, concentram-se as ruínas da construção antiga.

A propriedade conta ainda com uma pequena capela, um pavilhão sombreado próximo ao lago e as ruínas de uma antiga casa de máquinas. Para o lazer, há piscinas, terraços no térreo e na cobertura. Além disso, o verde que cobre o terreno de dez acres é uma obra de arte inebriante por si só. Os jardins tropicais contam com árvores frutíferas. Para a alegria de todos, os donos deste incrível imóvel alugam-no na alta temporada.













































Fonte: Casa Vogue

segunda-feira, agosto 29, 2011

Theatro Municipal de São Paulo

Teatro Municipal de São Paulo ganhou recursos tecnológicos para receber espetáculos que abusam da tecnologia
Para quem conhecia o teatro, a sensação é de que os espaços estão amplos, luminosos. "A tinta antiga tinha um tom de creme que escurece com o tempo. Os detalhes dourados estavam desgastados, apareciam menos", diz Lilian Jaha, arquiteta do corpo técnico do teatro.

Já no palco, os equipamentos são austríacos. Os mesmos instalados na Casa de Ópera de Copenhague, na Dinamarca. Entre outras possibilidades, o sistema permitirá que os cenários sejam trocados em questão de segundos, acionados por um botão.

"O Municipal deixa para trás um modo ultrapassado de fazer espetáculo, entrando em um universo contemporâneo", diz o arquiteto José Augusto Nepomuceno, responsável pelas obras do palco.
As chamadas varas, que sustentam os cenários, ainda funcionavam manualmente. Técnicos do teatro realizavam a movimentação por meio de cordas, com pesos de 20 quilos, que se somavam até levantar a cenografia. Isso limitava o Municipal a comportar apresentações cujos cenários não pesassem mais do que 150 quilos.

Agora, essas estruturas poderão chegar aos 950 quilos. A plateia pode não perceber de imediato a importância da novidade. Mas a mudança deve atrair companhias internacionais, que costumam ter enormes cenários e coreografias que dependem da interação com a cenografia.  

Foto: Paulo Vitale
 
O Theatro Municipal de São Paulo em imagem noturna: edifício chega perto dos 100 anos novo em folha
Após três anos fechado para reformas, o Theatro Municipal de São Paulo finalmente vai reabrir as portas. Com a fachada revitalizada, um palco mais moderno, vitrais e pinturas recompostos e poltronas restauradas (agora com assentos e encontos vermelhos, não mais verdes), o edifício quase centenário está novo em folha.
A extensão da reforma já pode ser sentida logo ao entrar no teatro. O hall de entrada, com sua majestosa escadaria de mármore e esculturas em bronze, parece mais luminoso. "A tinta antiga tinha um tom que escurecia com o tempo", explica a arquiteta Lilian Jaha, do corpo técnico do Municipal. "Os detalhes dourados também estavam desgastados".



Foto: Paulo Vitale 
Hall de entrada: muito mármore e mais luz
Nas paredes do hall, agora há pinturas que imitam veios de mármore, muito próximas do que havia em 1911. "Encontramos essa imitação de mármore (a técnica chama-se escaiola) por baixo da tinta usada na reforma feita nos anos 1980", diz a coordenadora do restauro, Rafaela Calil Bernardes.

Como a pintura original estava muito danificada pela tinta usada naquela reforma, optou-se por pintar novamente as paredes. "No entanto, usamos uma técnica que permite a retirada dessas pinturas sem danificar o que está por baixo. Quem sabe no futuro, em outra reforma, o revestimento original possa ser recuperado", afirma Rafaela.

Do lado de fora, os vitrais receberam uma proteção de vidro, com filtros para raios UVA e UVB. "Esse tipo de luz danifica as pinturas do lado de dentro do Municipal", explica. As esculturas em bronze (seis conjuntos no total) apenas passaram por uma limpeza, já que estavam em bom estado de  conservação.


Foto: Paulo Vitale
 
Visão da plateia do Theatro Municipal de São Paulo: poltronas vermelhas remetem à década de 1950
Mais difícil foi restaurar o arenito, um tipo de pedra que reveste o exterior do edifício. "Trata-se de uma pedra muito frágil, e que retém umidade", diz Rafaela. "Muita gente se pergunta porque Ramos de Azevedo decidiu usar esse material. A única explicação é que ele é mais 'molinho', então pode ser esculpido com mais facilidade."

O arenito do Municipal foi todo retirado de uma mina em Sorocaba, no interior de São Paulo, que foi fechada nos anos 1970. Na reforma do final dos anos 1980, a mina foi reaberta para a retirada das derradeiras pedras para aquele restauro. Mas parte do material não foi usada, e ficou guardada em depósitos da prefeitura por vinte anos.

Essas pedras remanescentes eram tudo que a equipe chefiada por Rafaela tinha para usar na reforma iniciada em 2008. "Havia pouco material disponível, então nós não podíamos desperdiçar", lembra.





Detalhe do Salão Nobre: acesso restrito
Restaurante e Salão Nobre

O restaurante do Teatro Municipal, localizado à direita do hall de entrada, também voltará a funcionar. "A previsão é que ele seja reaberto em julho. Ele estará aberto ao público em geral para o almoço e, no jantar, apenas para frequentadores do teatro em dias de espetáculo", diz Lilian Jaha.

No espaço, há agora duas peças assinadas pelos irmãos Fernardo e Humberto Campana, dois dos mais importantes designers brasileiros: um enorme espelho que lembra a forma de uma colmeia e um sinuoso balcão com revestimento espelhado. A escultura "Diana, a Caçadora", de Victor Brecheret, continua em frente à entrada do salão.

O Salão Nobre, espaço mais suntuoso do Municipal, foi alvo de cuidados especiais. "O piso de madeira do local é muito frágil, então a visitação a essa área será limitada", explica Rafaela. "O público poderá entrar no salão e ficar nas duas extremidades, mas não poderá ir até o centro."

Foi a solução encontrada para permitir o acesso a um dos espaços mais bonitos do prédio sem danificar a área. "Nas extremidades haverá tapetes para proteger o piso e, de lá, o público poderá ver todo o espaço", justifica. Desse local, será feito o acesso às sacadas do Municipal, com vista para a Praça Ramos de Azevedo e o Vale do Anhangabaú.
O novo palco e as cadeiras vermelhas
Em matéria de dificuldade, nada nas obras do Municipal superou o novo palco do teatro. É o que afirma José Augusto Nepomuceno, consultor do projeto. "Foi um inferno na terra", resume, aos risos. O desafio, explica ele, foi colocar um palco de última geração dentro de um edifício centenário.
"Era um palco incompatível com uma cidade como São Paulo", afirma. Antes, as chamadas varas, que sustentam os cenários, funcionavam manualmente e tinham capacidade máxima de 150 quilos. Esse era o peso máximo permitido para os cenários de qualquer espetáculo encenado no local.

Agora, as varas são motorizadas e suportam 900 quilos cada uma. "Com duas delas, posso pendurar um carro de uma tonelada e meia no cenário", brinca Nepomuceno. "Além disso, elas estão mais rápidas. É possível trocar de um cenário para outro em apenas oito segundos."


Se no palco a modernidade é o que chama a atenção, na plateia a novidade mais visível é a cor das poltronas. Sai o verde, entra o vermelho. "As poltronas verdes foram introduzidas na reforma dos anos 1980. Na época, dizia-se que essa era a cor original, que teria sido substituída pelo vermelho nos anos 1950", conta Rafaela.

Mas, segundo ela, não há como ter certeza da cor dos assentos e encostos em 1911. "Não encontramos nenhum relato ou imagem da época", diz. Nos anos 1950, no entanto, é certo que as poltronas eram vermelhas. "Como a configuração da plateia é resultado de uma reforma dessa época, decidimos manter essa área como era então."

Entre 1952 e 1955, o Municipal passou por sua mais radical reforma. Foi nela que a plateia ganhou o seu formato atual, em forma de ferradura - antes, ela era redonda, acompanhando a forma do teto da sala - e teve demolidos uma série de camarotes para a instalação do órgão.

quinta-feira, agosto 18, 2011

Arquitetura preserva história de CG

Prédios localizados no centro da cidade e outros bairros são considerados patrimônios

Quem passa todos os dias pelo Centro de Campina Grande, muitas vezes não presta atenção na arquitetura da cidade e não imagina que parte do lugar é considerado um patrimônio histórico da Paraíba. O Centro Histórico, que compreende um "cinturão" englobando ruas e praças centrais, contendo edificações em estilo art-dèco, inglês, neoclássico, além de vários monumentos, foi tombado em 2004 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep). 

Alguns destes tombamentos são bastante conhecidos, como o Museu Histórico e a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, na avenida Floriano Peixoto; outros, como a casa onde morou o cantor e compositor Rosil Cavalcanti, na rua Afonso Campos, passam muitas vezes despercebidos.


Foto: Nelsina Vitorino/DB/D.A Press
De acordo com o historiador Thomas Bruno Oliveira, as primeiras construções edificadas em Campina Grande foram na esquina da Rua Vila Nova da Rainha, antigo sítio Barrocas. 

Ano após ano, várias outras construções seriam levantadas,contando a história da cidade. "Porém, seu tombamento não tem impedido que seus prédios e monumentos sejam destruídos pela voracidade do 'progresso', desfigurando o patrimônio histórico da cidade", informou. Fato constatado quando da reforma da casa Rosil Cavalcanti, que teve parte de sua estrutura original modificada.

Outro fato que modificou, pelo menos um pouco do cenário histórico da cidade, foi a destruição da chaminé da antiga empresa Caranguejo, no Açude Velho.

Os novos proprietários do local foram advertidos pelo Ministério Público e terão que construir uma réplica da chaminé. Mas eles fizeram porque não tinham conheci-mento do tombamento. Em várias ruas do centro, casas e prédios são transformados sem que seus donos tenham consciência da importância histórica de sua arquitetura. 
Na outra ponta, um dos colégios mais conhecidos e antigos da cidade, o Imaculada Conceição (Damas), está passando por uma restauração, com o aval do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). De acordo com a chefe de Divisão de Fiscalização, Infração e Multas do Iphaep, Darlene Karla, depois de protegido, o patrimônio, seja ele privado ou público, não pode sofrer nenhuma intervenção sem autorização, sob pena de notificação, multa e até um processo judicial.

Cine São José

Vários prédios e imóveis fixados não apenas no Centro, como também em bairros, como o São José, a exemplo do Cine São José; e Prata, no caso o Palácio do Bispo, onde está instalado o gabinete do prefeito, também fazem parte do processo histórico da cidade. Conforme Darlene, atualmente técnicos do Instituto e da Secretaria de Cultura do Estado estão trabalhando no sentido de concluir um projeto que vai restaurar e revitalizar o Cine São José, tombado desde o ano de 2001, mas que está esquecido. 
Restauração pode ir parar na Justiça


Caso alguma intervenção seja realizada sem autorização prévia do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), o proprietário (seja ele público ou privado) sofrerá as mesmas punições: será notificado e terá a obra embargada, estando sujeito ao pagamento de multa, caso permaneça executando a obra de maneira irregular, sem o aval do Instituto. 
E, em casos específicos, como o desabamento de um imóvel que cause prejuízos a outros ou mesmo a morte de uma pessoa, o proprietário do imóvel poderá, inclusive, responder na Justiça. "Na cidade de Campina Grande, o Iphaep já teve, sim, problemas com alguns proprietários dessas contruções, mas eles foram resolvidos e o Instituto não divulga os nomes nem os imóveis", contou Darlene Karla Araújo.

Para saber quais intervenções podem ser realizadas no imóvel, basta o proprietário apresentar uma lista de documentos junto ao Iphaep. Entre eles, uma solicitação ao diretor do instituto questionando qual o grau de proteçãodo imóvel, anexando fotos e um anteprojeto, caso já tenha em mente que alteração pretende fazer no imóvel. Dentro de alguns dias, que dependem da demanda dos técnicos e da complexidade da orientação, o interessado receberá as orientações.

A única exigência do patrimônio estadual é no sentido de que qualquer intervenção no imóvel (de uma pintura a uma restauração do bem) seja solicitada ao Instituto e aprovada pelo seu Conselho Deliberativo (Conpec).

Esta regra determinada pelo Iphaep vale igualmente para o proprietário público (Governo Federal, Estadual ou Municipal) ou proprietário particular. No caso da Catedral de Nossa Senhora da Conceição (Damas), no Centro de Campina Grande, ela é tombada desde 2001 e é um imóvel particular, que pertence à Diocese de Campina Grande. A recuperação do bem foi aprovada pelo Conselho. Conforme a chefe de Fiscalização, todas as intervenções realizadas na obra, para a total recuperação, vêm sendo acompanhadas pelos técnicos do Instituto do Patrimônio.  

 fonte:  Diário da Borborema