quarta-feira, junho 12, 2013

Reconstruir depois de perder tudo




A nova casa e a vida nova pós incêndio



Tudo começou em 2008. Foi então que a família Fielden mudou de vida. Em termos materiais, pode-se dizer que houve uma "involução cumulativa": hoje eles têm menos posses. No entanto, a qualidade de vida foi elevada. Melhor dizendo, a apreciação pela vida.

Em 2008, quando os Estados Unidos mergulharam em uma de suas mais intensas crises econômicas, Jay Fielden perdeu seu emprego como editor-chefe da Men’s Vogue. Dois anos depois, ainda desempregado, sua casa nova, em Connecticut, foi incendiada irreparavelmente.

Enquanto o fogo ardia, Fielden passou por um momento reestruturador. Viu-se tendo que ponderar uma questão tão simples quanto essencial: “o que tentar salvar?”. Eis a resposta, na prática: metade dos livros, uma obra de Irving Penn, desenhos de seus filhos e poucos móveis, fruto de herança familiar. Yvonne Orteig Fielden, sua esposa, fez questão de salvar – entre outras coisas –as bonecas de Madam Alexander, que hoje vivem no quarto de Eliza, sua filha. Depois de limpas, restam apenas os olhos escurecidos.

Por escrito, a lista pode parecer grande, mas não era. Os Fielden se viram dependentes da caridade alheia. De repente lhes faltava tudo, de xampu a roupa íntima. Por sorte, os amigos não falharam: a família recebeu sacos repletos de roupas, além de produtos básicos de higiene e sobrevivência. Além disso, viveram por um mês na casa de conhecidos. Depois se mudaram para um pequeno apartamento alugado e, algum tempo após, passaram a viver numa casa de fazenda, também alugada.



Era chegado o momento de encarar o terreno onde jazia a antiga casa. Hora da reconstrução. Mas voltar depois de uma catástrofe nunca é fácil – o instinto natural é seguir em frente. Para a tarefa de novamente ter ali um lar, contaram com a competência dos arquitetos Robert Dean e Jesse Carrier, os mesmos que haviam reformado, em 2007, a casa de vidro que antes existiu ali. Embora clientes e arquitetos já se conhecessem, foi como começar de novo: os pedidos desta vez eram bem diferentes.

Não se tratava de uma reforma respeitosa – que visasse preservar a obra de James Evans, protegido de Louis Kahn. “Queríamos um local que refletisse quem somos, mas que não nos subjugasse”, explicou Yvonne. “Também não queríamos alimentar dívidas”, completou Jay.

A ideia era um projeto simples, mas com a cara da família. Se antes a prestigiosa casa refletia a pujança de suas vidas, agora seu lar deveria expor seu desapego. Assim surgiu uma morada simples, aberta e iluminada. Afinal, a vida não é o que se coleciona entre quatro paredes.




















Fonte: Casa Vogue

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