A moda e a arquitetura caminham juntas
Obra de Frank Gehry
Assim como a casa, a roupa tem uma constituição de habitáculo, de lar onde o corpo se abriga. E essa é uma ideia discutida pelo engenheiro de estruturas Yopanan Rebello. “A roupa pode ser vista, em primeira instância, como o abrigo imediato, mais próximo da pele humana do que qualquer outro elemento que a arquitetura possa conceber. Uma espécie de arquitetura primeira, abrigo que se descola da pele do homem e se projeta ampliando sua ocupação", diz ele em texto para a "revista AU" (Arquitetura e Urbanismo). A moda e a arquitetura têm o mesmo papel de expressar o espírito ou as vontades de uma determinada época, só que em matérias e formas diferentes.
Vestido de Glória Coelho
Assim como os projetos de edificação, as estruturas das peças de roupa são calculadas e passam por um trabalho de construção frente a um determinado material que pode resultar em um desenho desejável e possível.No Brasil, a moda tem se alimentado da arquitetura não apenas nas estruturas e modelagens. Nas passarelas do inverno 2010, apareceram coleções como a da Maria Bonita, que se inspirou no trabalho da modernista Lina Bo Bardi, e da estilista Glória Coelho, que mostrou a continuação da sua coleção de verão inspirada no futurista norte-americano Frank Gehry.
As silhuetas são muito próximas das obras criadas pelos arquitetos, assim como as linhas, texturas e combinações de cores que remetem ao conceito de cada um. Tanto Glória quanto Danielle Jensen, estilista de Maria Bonita, acertaram nas propostas de material para a realização das peças, apresentando roupas criativas e bem elaboradas.
Obra de Lina Bo Bardi
O interessante é que a harmonização estética do ambiente com a roupa cria uma linguagem consistente, um estilo dos tempos de hoje. E isso pode ser visto não só no trabalho dos estilistas que se espelharam em arquitetos, como em coleções que têm uma cara contemporânea como a da Osklen, que leva um design minimalista e arquitetônico na sua concepção. Novidade do passadoNo começo do século XX, na Belle Epóque, a arquitetura se deixou influenciar pela Art Noveau. As construções da época eram sempre marcadas por muitas formas orgânicas, linhas curvilíneas e motivos meio naturais. A moda seguiu o mesmo caminho. “O corpo feminino tornou-se um verdadeiro repositório de linhas curvas, onde a cintura nunca tinha sido tão afunilada como nesse momento”, escreveu o historiador de moda João Braga no seu livro “História da Moda”.
Nos anos 20, as linhas sinuosas da Art Noveau foram substituídas pela geometria da Art Déco, que também ecoou tanto na arquitetura, como na moda, com os vestidos retos, sem marcar o corpo, com as cinturas baixas e motivos geométricos.
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