Uma das novas opções, laje nervurada pode reduzir gastos com materiais de construção e mão de obra
André Arquitetura Integrada/Divulgação
Laje nervurada permite alterar a disposição dos ambientes, mobiliários e equipamentos
A evolução  da arquitetura, que leva à aplicação de vãos cada vez maiores nos  projetos residenciais e comerciais, e o alto custo das formas de madeira  e metálicas, tornaram as lajes maciças desfavoráveis economicamente, na  maioria das construções. Nesse cenário, surgem como uma das opções a  laje nervurada. De acordo com o engenheiro civil da Oliveira Silva  Consultoria e Projetos, Pedro de Oliveira Silva, ela é basicamente  composta por vigotas ou nervuras, de altura e espessura relativamente  baixas quando comparadas com as seções de vigas tradicionais, espaçadas  simetricamente entre si de maneira a formar estrutura similar a uma  grelha.
A utilização das lajes nervuradas, afirma ele, resulta na  versatilidade de poder alterar as disposições dos ambientes, mobiliários  e equipamentos. Na opinião do engenheiro, a laje nervurada é ideal para  empreendimentos que necessitam de vãos entre vigas ou pilares maiores,  como edifícios comerciais e institucionais e projetos residências  ousados. "Não vale a pena utilizar essa tecnologia em casas com  ambientes pequenos".
A definição pela estrutura nervurada ou maciça, diz ele, deve partir  do engenheiro, levando em consideração a qualidade do produto, quando o  cliente pretende investir, e o tamanho dos vão livres em cada ambiente.  Para o especialista, optar por um ou outro tipo de metodologia na  construção de residências, por exemplo, dependerá do projeto. Ele lembra  que para obter bom nivelamento da laje maciça é preciso muita madeira,  atenção com o escoramento, com o tamanho dos vãos e capricho ao espalhar  o concreto, seja pronto ou virado na obra. Além disso, o uso de madeira  com falhas, alerta ele, pode fazer o escoramento romper e provocar  queda das peças durante a concretagem, colocando em risco a vida dos  empregados.
As lajes nervuradas, por possuírem menos vigas, podem proporcionar  ainda economia nas formas e na redução da mão de obra com amarração das  armaduras. Outras vantagens: elas são duas vezes mais resistentes ao  fogo, facilitam a execução da armação e instalações elétricas e  hidráulicas. "Dependendo da obra, a aplicação dessa tecnologia pode  representar economia em torno de 10% em comparação com a laje de  concreto armado", contabiliza o engenheiro.
Arquiteta da Archè Arquitetura Integrada, Denise Neves diz que a  estrutura convencional contém muitos pilares de sustentação, reduzidos  para um ou poucos com o uso da laje nervurada, tornando o ambiente com  vão enorme. Permite, também, projetar pé-direito e elimina problemas  como furação de vigas. "Além do ganho técnico construtivo, o modelo  oferece um ganho estético muito interessante", ressalta ela.
À medida que os vãos cresceram e as alvenarias foram apoiadas sobre a  laje, explica Denise Neves, o emprego de laje maciça leva à espessuras  antieconômicas. Ela ressalta que a utilização da laje nervurada é opção  competitiva quando se trata de grandes vãos livres, da ordem de sete a  15 metros entre apoios. No sistema nervurado, afirma a arquiteta, tem-se  alívio do peso próprio da estrutura e aproveitamento mais eficiente dos  materiais, aço e concreto, já que a mesa de concreto resiste aos  esforços de compressão e a armadura os de tração.
Denise Neves diz que o conhecimento de tecnologias e materiais é  indispensável para o sucesso do projeto e que também o arquiteto tenha  domínio sobre essas questões técnicas. Ela sugere que, diante da  variedade de opções, oriente o cliente qual é a melhor para o projeto.  "A função do arquiteto não se limita apenas a conceber uma bela  arquitetura, mas deve-se estender ao gerenciamento dos diversos projetos  envolvidos no empreendimento, bem como a interface com o construtor",  completa. 
Por definição normativa, (ABNT NBR 6118:2003) lajes nervuradas são lajes moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração é constituída por nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte. Esses materiais de enchimento entre as nervuras visam diminuir o peso próprio da estrutura e melhorar o acabamento do elemento, quando comparado com a laje maciça tradicional.
Ousadia surpreende
Ao conceber o projeto da residência da dentista Andréia Malta  Carrara, no Vale dos Cristais, em Nova Lima, Região Metropolitana,  Denise explorou a solução estrutural, que surpreende pelos balanços  ousados. Apesar da importância que as lajes nervuradas de concreto  assumem como geradoras do espaço - é a partir delas que se desenvolve o  raciocínio arquitetônico -, outros elementos sobressaem: casa afastada  do solo, pé-direito alto, sala com 9,70m por 7,70m de vão livre e  garagem com 8m por 6,50m.
De acordo com Andréia, a decisão pela laje nervurada só foi  autorizada após ouvir a opinião de um engenheiro amigo da família. "Não  sabia que existia esse tipo de laje. Quando me sugeriram, eu me informei  sobre segurança e viabilidade". Segundo o engenheiro Pedro de Oliveira,  outras vantagens são reflexo direto no custo ou facilidade de execução  com o uso da laje nervurada.
"Como as lajes trabalham com tensões relativamente baixas, é possível  retirar antecipadamente o escoramento e as fôrmas e aumentar a  velocidade da obra. A ausência de vigas leva à economia de material,  redução do peso próprio da estrutura e da mão de obra e melhor  aproveitamento dos espaços", comenta. Ele diz que estão sendo feitas  pesquisas para o emprego de garrafas PET como elemento inerte entre as  nervuras na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em Sobral,  Ceará. O uso da PET possibilitaria economia superior a 40% sobre o custo  de lajes de materiais convencionais, além de ser ecológico.
 

 
 
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