terça-feira, junho 28, 2011

Jardim com bom gosto e Moda e tendência no uso da vegetação

Saiba como realizar um belo projeto paisagístico sem gastar muito

Benedito Abbud

Jardins para sentir e viver

Benedito Abbud é mestre em arquitetura paisagística pela FAU-USP. Ex-presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas tem projetos no Brasil e exterior

Com um projeto adequado é possível ter um bom projeto paisagístico sem gastar muito. Recentemente, Benedito Abbud e sua equipe desenvolveu um, em um condomínio residencial de padrão médio/alto, cujas áreas verdes tiveram custo de R$ 60,00 por metro quadrado. Sendo que este custo, já computada a mão de obra do paisagista e a compra de terra e plantas, pode chegar a R$ 200,00 o metro quadrado.


Além de reduzir os custos, usar a criatividade é fundamental para um projeto mais em conta.
Dependendo do padrão da obra, os acabamentos de toda a área externa (pisos, muretas, piscinas, quadras, churrasqueiras, pergolados, mobiliário etc) podem ter especificações com o custo reduzido. Por exemplo, no lugar de pisos especiais, que são relativamente caros, pode-se utilizar piso cimentado texturizado.

Esse material, no qual pode ser usada a técnica de ranhura (feita por uma vassoura), ou porosidade (processo adquirido pelo simples ato de jogar sal grosso no cimento ainda fresco, e que depois de seco é só varrer para retirar o sal, fazendo com que o cimento fique parecido com mármore Travertino), apresenta um aspecto interessante e acaba oferecendo uma segurança tão boa como a do piso especial. Além de poder ser feito em várias cores e texturas, e ser enriquecido com detalhes de pisos cerâmicos ou pedra.

Também é possível economizar na hora de preparar o espaço de lazer, cujos materiais variam muito de preço. É possível escolher um equipamento com as mesmas funções, porém com materiais e padrões diferentes, que custe 1/5 do preço de outro.

Criatividade também é fundamental para um projeto de paisagismo mais em conta. As partes acidentadas de terrenos podem ser aproveitadas. Um talude do terreno pode ser transformado em brinquedo, onde as crianças podem se divertir subindo em cordas. Um simples muro de divisa de terreno pode ser transformado em lousa, por exemplo. Construir uma casa na árvore também é uma opção barata e interessante.

Árvores frutíferas são meios interessantes para atrair passarinhos e chamar a atenção das crianças. Então, no lugar das frutíferas já produzindo, mais caras, por que não utilizar mudas pequenas, baratas e que também terão frutas em um determinado espaço de tempo?

A iluminação é também um importante elemento na composição noturna do jardim. Projetores de jardim valorizam os espaços, assim como balizadores de piso em locais estreitos e postes com arandelas em grandes espaços abertos, que determinam o uso noturno destes lugares. 

Com a grande diversidade de equipamentos de iluminação disponíveis no mercado, adequando-se as especificações das luminárias de baixo custo aos locais corretos, podemos atingir um ótimo resultado quanto ao aspecto noturno do jardim.

Moda e tendência no uso da vegetação

Mesclar plantas da moda e tendências em soluções paisagísticas é saída para surpreender no jardim


Embora seja difícil trabalhar com elementos de moda e tendências no paisagismo, essas duas manifestações são importantes de serem consideradas, entendidas e trabalhadas no dia a dia do arquiteto paisagista e daqueles que se interessam pela área.



Foto: Divulgação
Ao emoldurar o móvel de madeira com o caminho de pedras, o paisagista criou um espaço de contemplação no jardim, muito comum nos projetos atuais
A moda tem um tempo de duração menor do que a tendência, ou seja, aquilo que hoje está em alta rapidamente estará em baixa. Ela é uma solução pronta em busca de lugares para ser aplicada. Nas décadas de 20 e 30, a arquitetura modernista trazia jardins que encontravam na escultura dos cactos o formalismo ideal para contrapor com as inovadoras e, na época, muito estranhas, linhas retas.

Na década de 50, o jardim na frente das casas, separado das calçadas apenas por gradis baixos - que construíam uma leve barreira para cachorros vadios -, privilegiava os “arranjos” de dracenas com agaves, cactos, espada-de-São Jorge, pedras e galhos secos, entre caminhos serpenteados, entendidos como românticos na época.

Tais caminhos levavam a um interior de móveis palitos com vasos em forma de cones, onde, em geral, vicejava um esplêndido fícus elástico, de folhas enormes e abundantes, contrastando com aquele ambiente. Por ser uma árvore enorme e de raízes agressivas, essa planta em pouco tempo destruiu vasos e, para ser reaproveitada, foi plantada em passeios públicos e quintais, que hoje são importantes na paisagem urbana de vários bairros paulistanos (embora suas raízes “levantem” o passeio e até alicerces das residências).

Com o passar dos anos, algumas plantas entraram e saíram de moda por influência da televisão e depois das exposições de decoração, como Casa Cor. Entre elas a raphis excelsa, a dracena vermelha, o agave attenuata, o bambu mossô, os rhipsalis, o dasylirium, o pennisetum, a palmeira azul e, ultimamente, as paredes verdes desenvolvidas por Patrick Blanc e redesenhadas em vários sistemas em todo o mundo.

Estas últimas podem passar de um modismo para uma tendência mais perene, uma vez que traz um conceito interessante de revestimento verde. Apesar de manutenção difícil e tendo a opção das trepadeiras, as paredes verdes, em muitos casos, representam uma expressiva composição estética e “verdejam” o ambiente, trazendo a sensação de natureza em espaços verticais, cada vez mais comuns nas grandes cidades urbanizadas.

Tendências

Já as tendências são conceitos e ferramentas que conduzem a determinados usos da vegetação, em função do lugar onde será empregada. Alguns desses conceitos podem ser: o uso de uma planta escultórica no ponto focal de uma cena ou de um caminho; ou posicionamento de uma espécie de forma expressiva contra a luz, para realçar o recorte de sua silhueta.


Foto: Divulgação
 
Exposições e até mesmo programas de televisão influenciam os projetos paisagísticos
Ou ainda uma iluminação especial para provocar uma sombra de desenho marcante numa superfície contínua (sem janela); um conjunto de copas caducas para provocar a refrescante sombra no verão e o calor do sol no inverno; passar entre maciços arbustivos da mesma espécie, realçando a sensação de inserção do transeunte no jardim.

Entre seguir a moda ou acompanhar as tendências, talvez a solução ideal seja mesclar as duas sem deixar de atender o gosto e o sonho dos clientes para encantá-lo e buscar surpreendê-lo, que é um dos objetivos de todos os projetos.
No tempo que estagiei em um escritório aqui em Campina Grande, tive contato com um projeto paisagístico de Benedito Abbud para a área de lazer de um edifício, me encantei pelo paisagismo, tudo é planejado, pensado, e ate projetado no futuro como as árvores irão crescer, o tamanho que a copa irá ter e a altura. Sou apx por paisagismo.


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