O arquiteto mais famoso do Brasil foi um mestre em desenhar curvas no concreto armado, e levou poesia à paisagem das grandes cidades a partir da década de 1930. Sua extensa carreira foi laureada em 1988 com um Pritzker, considerado o Nobel da arquitetura, na única vez em que o prêmio foi dividido (no caso, com o norte-americano Gordon Bunshaft). Conheça abaixo os projetos que mantêm e manterão vivo o legado de Niemeyer em todo o mundo.
1. Ministério da Educação e Saúde, 1936, Rio de Janeiro
Foi um detalhe apontado por um estagiário que garantiu a monumentalidade e a grandeza dos espaços que caracterizam a primeira construção moderna do Brasil, projetada pelo mestre Le Corbusier. O então jovem Oscar Niemeyer sugeriu centralizar o prédio no terreno e aumentar de 4 m para 10 m os pilotis de sustentação. Os diretores do escritório de arquitetura a cargo da obra, Carlos Leão e Lucio Costa, aprovaram a ideia e a incorporaram na planta definitiva.
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2. Conjunto da Pampulha, 1940, Belo Horizonte
Quando Juscelino Kubistchek foi eleito prefeito da capital mineira, convocou Niemeyer para projetar um bairro inteiro voltado ao lazer, com direito a cassino, clube, igreja e restaurantes. O projeto da Pampulha, inspirado nas curvas da arte barroca, foi concebido e desenhado em uma noite, já no quarto de um hotel, após a conversa com o político.
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3. Sede das Nações Unidas (ONU), 1947, Nova York
Uma comissão de dez arquitetos dirigida pelo norte-americano Wallace Harrison foi reunida para discutir e projetar a sede do mais importante órgão supranacional do planeta. Niemeyer hesitou em apresentar seu desenho, pois não queria contrariar um dos membros do conselho - ninguém menos que Le Corbusier. Só quando o franco-suíço cobrou que ele trouxesse suas ideias para a mesa, que Niemeyer se debruçou na proposta do colega, a quem admirava muito, e modificou os elementos principais do conjunto. O desenho foi aprovado com louvor por toda a equipe, inclusive por Le Corbusier.
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4. Ibirapuera, 1951, São Paulo
O parque público de São Paulo, construído para ser o marco principal das comemorações do quarto centenário da cidade – e, portanto, inaugurado em 1954 — , possui um volume singular. Sua marquise faz uma ode à liberdade da forma, conectando os pavilhões, os espaços culturais e os de lazer do complexo. O conjunto, no entanto, só foi completado mesmo em 2005, com a inauguração do Auditório Ibirapuera, que não saíra do papel nos anos 1950. A foto acima é do interior do pavilhão da Bienal de São Paulo
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5. Edifício Copan, 1951, São Paulo
A robustez do concreto armado é quebrada pela sinuosa leveza no projeto moderno, uma onda no centro da metrópole a homenagear São Paulo como nenhum outro marco fez até hoje. Numa cidade caótica esteticamente e carente de belezas naturais, o Copan é o mais próximo que os paulistanos já chegaram de ter um cartão postal para chamar de seu.
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6. Casa das Canoas, 1952, Rio de Janeiro
O arquiteto projetou sua própria residência com total liberdade, sem mexer nos desníveis do terreno, só adaptando o imóvel às curvas da planta. Ao prever uma área de sombra no entorno, Niemeyer conseguiu envidraçar toda a casa e deixá-la o mais transparente possível em meio à vegetação.
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7. Brasília, 1957
Enquanto o amigo e ex-patrão Lucio Costa desenvolvia o plano urbano da nova capital do país, Niemeyer foi escolhido por Juscelino Kubitschek para traçar e erguer os edifícios governamentais em Brasília. Começou em 1956 com o Catetinho, a residência provisória do presidente da república, e seguiu, já em 1957, com o Palácio da Alvorada, o Congresso Nacional, o Teatro Nacional, o Supremo Tribunal Federal, o Palácio do Planalto, a Praça dos Três Poderes e a Catedral de Brasília. O Ministério da Justiça, o Palácio do Itamaraty, ambos de 1962, o Aeroporto, de 1965, e o Memorial JK, em 1980 - todos saídos da prancheta do mestre - complementaram o conjunto após a inauguração oficial.
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8. Sede do Partido Comunista Francês, 1965, Paris
Comunista de carteirinha, Niemeyer teve carta branca para definir a como seria sede do Partidão francês. O design nada usual, com a fachada curvada e o hall semienterrado, deixou o terreno livre para a brincadeira de formas — e, também, para a descida suave do público até a cúpula.
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9. Universidade de Constantine, 1969, Argélia
Ao recusar uma dezena de prédios — Niemeyer condensou o projeto de 20 construções em 5 estruturas —, o brasileiro idealizou uma universidade mais humana, lógica e compacta, pronta para as modificações do futuro.
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10. Passarela do Samba, 1983, Rio de Janeiro
Oficialmente chamada Passarela Professor Darcy Ribeiro e popularmente conhecido como Sambódromo, o centro do carnaval carioca localiza-se na avenida Marquês de Sapucaí, Rio de Janeiro, e nasceu com a missão de “dar ao povo o samba”. Na parte final da passarela, as arquibancadas se separam para abrir espaço à monumental Praça da Apoteose, assinalada por um grande arco. Ali está também o Museu do Samba. Fora dos dias carnavalescos, o local abriga escolas, creches, centros de saúde, ateliês de artesanato e outros serviços. A praça serve de palco para espetáculos diversos, como balé, teatro e shows de música popular.
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11. Memorial da América Latina, 1987, São Paulo
Concebido com a imponência em mente, o memorial foi projetado com grandes vãos (além dos tradicionais volumes curvos do arquiteto), para marcar o "espírito e a grandeza política que representa", como definiu o próprio Niemeyer.
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12. Museu de Arte Contemporânea, 1991, Niterói
O terreno livre de construções realça as formas quase abstratas do prédio que parece flutuar sobre a paisagem. O museu faz parte do Caminho Niemeyer, um percurso de 3,5 km finalziado em 1997, dotado de de espaços culturais cuja função foi revitalizar a parte central da cidade de Niterói, no Rio de Janeiro.
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13. Museu Oscar Niemeyer, 2001, Curitiba
O hoje mundialmente conhecido "museu do olho" não nasceu com esse formato e nem tinha essa função. Inaugurado em 1978, era apenas um grande edifício modernista que abrigava algumas secretarias de estado. O olho é na verdade um anexo desenhado mais tarde e inaugurado em 2002, quando todo o complexo foi transformado em museu de arte e design. Uma de suas alas guarda uma exposição permanente sobre o próprio Niemeyer, exibindo um belo acervo de projetos, fotos e maquetes.
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14. Centro Administrativo de Minas Gerais, 2003
A construção de apenas três prédios para a sede do governo mineiro — o palácio governamental e outros dois blocos curvos com 200 metros de comprimento e 20 pavimentos, onde estão as secretarias — centralizou a administração estadual, barateou a proposta inicial, limpou a paisagem e, de quebra, garantiu um projeto ousado a Niemeyer: o palácio é totalmente suspenso por cabos de aço, formando um vão livre de 147 m.
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15. Centro Cultural Principado de Astúrias, 2006, Avilés, Espanha
Quando recebeu a planta do centro cultural, Niemeyer imaginou de cara como tudo seria: o público assistindo a shows, enquanto outros percorrem as exposições no piso sobre o grande salão. O projeto da praça repleta de equipamentos culturais foi doado por Niemeyer, que ganhou o prêmio Princípe das Astúrias na década de 1980. Apesar de inaugurado em 2011, dDevido à atual crise econômica na Espanha, o complexo encontra-se desativado.
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