segunda-feira, abril 29, 2013

Escadas para escalar e decorar



Para além da funcionalidade, as escadas podem ter efeito escultórico e desdobrar-se em peças de apoio. Projetos revelam escalões flutuantes, estruturas que criam mesa de jantar ou estante para livros e outros recursos de destaque. Confira onze escadarias que se propõem a ser muito mais que um mero aparato para escalar andares.


Leveza e funcionalidade
A casa no bairro de Perdizes, em São Paulo, é estreita: tem 3,55 m de largura. Na reforma, os arquitetos Guilherme Ortenblad, Fernão Morato e Augusto Aneas, da Zoom Arquitetura, Urbanismo e Design, criaram uma escada rente à parede não só para obter leveza, mas também para integrar os ambientes. Os degraus em balanço, de peroba-rosa de demolição, são fixados a uma viga de aço embutida na alvenaria que recebeu pintura automotiva cor de cerâmica. Para melhor aproveitar o espaço sob a escada, executada pela JR Construções, o segundo degrau foi feito de concreto – serve como banco e vira bancada na cozinha. Esta peça contínua mede 6,20 x 0,70 m: abaixo da escada, possui 36 cm de altura, ideal para abrigar livros e obras, como o painel de madeira de Lucas Neves, da Arbol Design & Artes; já na cozinha, o tampo tem 95 cm de altura.
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Com direito a espelho-d’água
O espaço sob a escada de limestone Tabac, criada pela arquiteta Debora Aguiar, recebeu um espelho-d’água. Para aumentar a sensação de amplitude no hall pertencente a esta casa, em São Paulo, parte das paredes abaixo da escada é forrada de espelhos, da VLA – mesmo fornecedor dos vidros utilizados no guarda-corpo, dotado de corrimão de nogueira clareada, produzido pela marcenaria Marupá. O elaborado projeto de iluminação, com peças da La Lampe, faz uso de balizadores para destacar os degraus e fita de LED no degrau que circunda o espelho-d’água – este, aliás, é iluminado com spots blindados de LED, instalados de forma que somente a luz sob a água fique visível. Já a escultura Onça Bebendo Água, de Leopoldo Martins, na AM Galeria Horizonte, recebe iluminação direcionada.
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Traços escultóricos
Ao desenhar esta escada para a cobertura em Recife, PE, as arquitetas Marcia Nejaim e Suzana Azevedo, da Nejaim Azevedo Arquitetos Associados, foram além. Conceberam uma peça escultórica em que degraus de dois tamanhos ficam sobrepostos uns aos outros, criando um elemento arquitetônico que promove movimento visual no living. Mas a proposta não para aí: a estrutura de mármore branco com corrimão de aço, executada pela Formas e Ideias, também apoia itens de decoração, como o vaso da Particolare. A iluminação, da Daluz, é outro destaque no projeto. Foi pensada não só para evidenciar os degraus, mas também a obra de arte de Cícero Silva, ao fundo.
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Status de obra de arte
A escada destaca-se como um elemento artístico na casa localizada num condomínio em Goiânia, GO. O arquiteto Leo Romano desenhou uma peça de chapa de ferro dobrada, de linhas limpas e simples, mas que ficaram bem evidenciadas pelo tom vermelho Ferrari usado na pintura. A plataforma que antecede a escada, executada pela Serralheria Sol Nascente, faz com que ela ocupe todo o vão da sala ao mesmo tempo que se caracteriza como um volume autônomo. Sobre essa base, fica a colorida cadeira Red Blue. Um painel de madeira multicolorida serve de apoio para o morador – que é colecionador de obras de arte – expor peças como a série de Sandro Gomide, adquirida na Marcos Caiado Galeria de Arte.
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Pisando em livros
O arquiteto carioca Chicô Gouvêa é leitor voraz. Adora livros e sempre faz novas aquisições, tanto que nem sabe quantos volumes possui. Mas são muitos. De tantos, ele teve de aproveitar o espelho dos degraus da escada de sua casa, no Rio de Janeiro, para guardar alguns exemplares. A peça tem estrutura de ferro, e os degraus são revestidos de placas metálicas de piso de ônibus, criando um visual contrastante com as obras de arte distribuídas pelo entorno – entre elas, desenhos e gravuras de Frans Krajckberg, Anna Letycia e Iberê Camargo e a escultura de Ascânio MMM sobre o pedestal de madeira. Desenhada pelo próprio Chicô, a escada foi executada por sua loja, a Olhar o Brasil. Maneco Quinderé assina o projeto luminotécnico.
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Conjunto elegante
Na reforma do apartamento em São Paulo, a proposta dos arquitetos Paula Zemel e Eduardo Chalabi, da Zemel+Chalabi, foi integrar o living ao hall de entrada, antes estreito e separado da sala por uma escada fechada que, embaixo, abrigava o lavabo. Para isso, uma viga metálica embutida na parede hoje apoia os degraus em balanço, revestidos de limestone baiteg blue, da Marmolux. A partir do segundo degrau, criou-se uma bancada de 10,50 m de mármore Nero marquina que se transforma em mesa de jantar – junto a ela, há uma peça de concreto que apoia o bar, com poltronas de Jean-Marie Massaud, na Montenapoleone, e luminárias Caravaggio Opal, na Onlight. O resultado é um instigante conjunto que traz leveza e elegância à área social, sensação reforçada pelo corrimão de ferro curvo pintado com tinta esmalte preta, executado pela construtora Saeng.
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Vidro para a integração
O vidro impera na escada projetada pela arquiteta Fernanda Marques para este apartamento, em São Paulo. A ideia era valorizar os espaços sociais e integrá-los ao máximo. Assim, a escada e a caixa do elevador, ambas de vidro, conectam o living ao home theater e à área externa. Após estudos de superestrutura e redimensionamento de carga, elegeu-se o vidro clear triplo, de 35 mm, da T2G, para os dois patamares de circulação, a passarela no andar de cima, que é sustentada por estrutura de aço inox, e os degraus. Tanto estes quanto o guarda-corpo são fixados por “botões” de aço inox de um lado e, na faixa em “L”, do mesmo material, do outro lado. O conjunto transparente confere leveza visual à residência.
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Destaque para a claridade
A escada da casa em Londrina está localizada em um hall com um painel de vidro, que se estende pelo pé-direito duplo, voltado para o jardim. A fim de integrar a área verde à ala interna da casa, o arquiteto Álvaro Côrtes concebeu uma escada com itens de acabamento claros e reflexivos. A estrutura de concreto armado é inteiramente revestida de mármore travertino da Athenas Mármores e Granitos e os espelhos dos degraus têm vidro verde da Vitrarq. Na parede próximo à escada um antigo balcão de madeira foi restaurado pela Tallerados Móveis, recebendo acabamento em laca brilhante e puxadores niquelados dos anos 70. Assim, o espaço sob a escada serve de área apoio aos objetos dos moradores quando eles chegam em casa.
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Inspiração colonial
Ao realizar obras de restauro e reforma em sobrados coloniais dos séculos 17 e 18 em Paraty, no Rio de Janeiro, o arquiteto Renato Tavolaro passou a fazer releituras das escadas originais para usá-las em seus projetos. Para a pousada Casa Turquesa, localizada na mesma cidade no litoral carioca, a escada de ipê é acessada tanto pelo lado da recepção como da sala de estar. Três bancos de madeira aproveitam o espaço abaixo do segundo lance de degraus, criando um visual que se harmoniza com a parede antiga de pedras. A iluminação pontual da Lightworks destaca as paredes que contrastam com o piso de cimento queimado. A carpintaria e a marcenaria foram executadas pela Esquadrias e Móveis da Mangueira.
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Canto intimista
A casa não tem sala de estar. Home theater, sala de jantar com mesa para 10 lugares e cozinha integradas formam a ala social do imóvel localizado em Goiânia. Para uma conversa mais intimista, as arquitetas Vanessa Clara e Maria Célia Moraes criaram, na área abaixo da escada, uma saleta com par de poltronas e mesa da Época Decoração e tapete de fios de seda da Summeflex. Para compor a ambientação, a parede é revestida com pastilhas de madeira da Jacafer. Os degraus de mármore de Carrara da EBM Mármores e Granitos arrematam o décor, uma vez que escada foi projetada não somente como um elemento estrutural e funcional, mas também decorativo – ideia reforçada pelo guarda-corpo de alumínio da Oficina de Metais.
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Com um quê de galeria
A ambientação moderna explorou a predominância do branco para figurar como cor de base no dúplex em São Paulo. Assim, os espaços receberam peças de design e obras de arte como a vultuosa escultura de Ascânio MMM, na Dan Galeria. A peça foi posicionada próximo à escada. Justamente por isso, o arquiteto Roberto Migotto projetou uma escada neutra, com guarda-corpo de vidro da Vidroart e inteiramente revestida da mármore piguês branco da MSA Mármores. A leveza visual resultante dessa composição tem um quê de galeria de arte.

* Matéria publicada em Casa Vogue #332

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