A ciência propõe o desenvolvimento de projetos que propiciem a saúde e o bem-estar.
Você conhece a neuroarquitetura? O termo refere-se ao estudo da neurociência aplicada à arquitetura. Em outras palavras, como o ambiente físico impacta em nosso cérebro. Quando aplicada ao dia a dia, a neuroarquitetura pode melhorar a qualidade vida. Em outras palavras, é o desenvolvimento de projetos pautados no ser humano.
A neuroarquitetura está começando a conquistar seu espaço no Brasil, mas ainda voltado para os projetos corporativos que visam estimular a produtividade dos funcionários, melhorar o foco e a concentração. Entretanto, também é possível aplicar a técnica em casa para criar um ambiente confortável e relaxante.
Em uma escala menor que a da construção, a neuroarquitetura também pode ser aplicada ao mobiliário, ajudando a tornar os ambientes mais confortáveis, gerando experiências agradáveis, estimulando emoções saudáveis e trazendo recompensas para os usuários desses ambientes.
Bem difundida na arquitetura comercial, a ciência começa a ganhar espaço nas residências. Para se ter uma ideia, a busca por neuroarquitetura cresceu 89% nos últimos 12 meses. Não à toa, afinal, quando aplicada, a técnica promove, além do aumento da produtividade, uma redução na ansiedade e até a melhora na qualidade do sono.
Neuroarquitetura é a ciência que estuda os impactos do ambiente nas pessoas. Isso porque, a composição dos ambientes tem a capacidade de impactar diretamente nossa rotina, de forma a motivar ou desestimular nossa presença no local.
Os espaços arquitetônicos funcionam como espécies de âncoras para a memória. Encontramos nosso lugar na sala por meio de nossa percepção sensorial; o cérebro faz uso de superfícies e sistemas espaciais para armazenar e organizar o mundo em que vivemos. A compreensão desse princípio forma a base para a transferência dos resultados de pesquisas neurocientíficas recentes para a prática arquitetônica.
Nesse contexto, a neuroarquitetura conecta a neurociência, a teoria da percepção e a psicologia da Gestalt, à arquitetura, em uma abordagem holística que se concentra nas leis da formação de estruturas e no movimento do indivíduo dentro do espaço arquitetônico.
Determinados aspectos dos ambientes fazem o cérebro desenvolver certas emoções e sensações. Com isso, a neurociência fornece pistas valiosas para os arquitetos sobre como criar e distribuir espaços que estimulem esses resultados.
Nós passamos 90% do tempo em ambientes contruídos, por isso a maioria das nossas memórias e momentos marcantes estão ligadas à um ambiente físico. Com isso, deve-se levar em consideração o impacto que o ambiente pode causar nas emoções e gerar memórias positivas na vida das pessoas.
Dessa forma, o conceito de neuroarquitetura quando colocado em prática tem a capacidade de auxiliar na criação de projetos estratégicos que influenciam positivamente no comportamento das pessoas. Não é à toa que muitas empresas passaram a aderir ao uso da neuroarquitetura em seus escritórios, visto que a aplicação deste conceito favorece muito a integração, a colaboração e a produtividade de todos os funcionários.
Neuroarquitetura: ensinar os estudantes em salas de aula amplas e com muita luz natural ajuda no aprendizado. Fonte: Archdaily
Como surgiu a neuroarquitetura?
O termo neuroarquitetura surgiu a partir de pesquisas e descobertas de dois grandes profissionais, o neurocientista Fred Gage e o arquiteto John Paul Eberhard, que juntos foram capazes de atestar que os ambientes possuem poder de transformar certas capacidades e sensações cognitivas do cérebro humano.
Confira 5 maneiras de aplicar a neuroarquitetura no projeto corporativo
1. Crie ambientes de descompressão
Nos últimos anos, inúmeros projetos corporativos passaram a aderir ao uso da neuroarquitetura e, por sua vez, passaram a construção de espaços denominados como ambientes de descompressão. Isso porque, estes espaços exercem influências diretas no comportamento dos colaboradores, já que eles se sentem mais descontraídos e passam a enxergar a empresa com uma perspectiva mais positiva, resultando em um maior engajamento e sensação de pertencimento de um time.
2. Intensifique os espaços verdes
Além de estimular o relaxamento e o bem-estar, a presença das plantas nos espaços internos do ambiente corporativo, elas aproximam as pessoas da natureza. Não é por menos que o uso de plantas é um dos pilares da neuroarquitetura. Jardim vertical natural, vasos suspensos e de chão, floreiras e cachepôs personalizados com frases motivacionais são algumas das ideias criativas que podem ser adotadas pela empresa.
3. Valorize áreas com iluminação natural
A neuroarquitetura valoriza áreas com entrada de luz natural, pois além dela estar associada a vantagens positivas sobre o ciclo fisiológico e psicológico das pessoas, ela também ajuda na economia de energia elétrica. Na prática procure posicionar mesas e demais móveis do escritório próximos a janelas amplas e, caso o projeto de construção ainda esteja em andamento, incentive a criação de claraboias e aberturas horizontais nas salas corporativas.
4. Use a paleta de cores a seu favor
As cores certamente são responsáveis por transformar a atmosfera de um ambiente, uma vez que elas têm a capacidade de intensificar emoções e ações nas pessoas. No escritório a psicologia das cores quando usada de forma inteligente também pode ajudar na produtividade dos funcionários, ou seja, o ambiente corporativo não precisa ter uma cor única nas paredes.
Na prática, procure aliar a neuroarquitetura e o círculo cromático para delimitar áreas específicas do ambiente corporativo. Abaixo separamos algumas cores e os efeitos e sensações que despertam nas pessoas:
Branco: traz paz e remete a sabedoria, porém seu uso em excesso pode gerar sensação de vazio e tensão, já que é um tom muito usado em hospitais e salas de saúde;
Amarelo: remete a alegria e criatividade, porém seu uso em excesso pode aumentar a ansiedade;
Azul: traz calma, harmonia, estabilidade e remete ao tom da tecnologia, não é por menos que é uma cor muito usada em empresas digitais;
Vermelho: está associado ao batimento cardíaco, por isso traz sensação de agilidade e pulsação.
Contudo, seu uso em excesso pode gerar impaciência e irritação.
Neuroarquitetura: o ambiente corporativo não precisa ter uma cor única nas paredes. Projeto por Liliana Zenaro
5. Melhore a acústica do escritório
A neuroarquitetura também se preocupa com a acústica do ambiente a ser projetado. Isso porque, o nível de ruído tem a capacidade de influenciar diretamente na concentração e humor das pessoas. Vale comentar que no Brasil não existe uma norma específica de acústica para escritórios.
Dessa forma, utiliza-se base a Norma Brasileira 10152 sobre conforto acústico interno em edificações conforme o uso. Neste contexto, escritórios coletivos, recepções e salas de espera, os níveis podem variar entre 45 dB e 50 dB, pois quantidades acima desses níveis podem resultar em alterações de humor e irritabilidade.
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