O painel tem 80 desenhos inspirados em xilogravuras de livretes de cordel
Inaugurado no reinado de d. Pedro 2°, o prédio onde funciona a Assembleia Legislativa de Alagoas ganhou com o tempo anexos que contribuíram para sua desvalorização no contexto urbano. O projeto do arquiteto Mário Aloísio Melo usa um painel vazado de alumínio, com desenhos inspirados na cultura popular alagoana, para unificar os blocos secundários e criar uma composição que devolve ao prédio sua importância na paisagem.
A Assembleia Legislativa de Alagoas ocupa o Palácio Tavares Bastos, construção de 1851 localizada no centro de Maceió. Com o passar dos anos, o prédio foi se tornando pequeno para as atividades parlamentares e ganhando anexos nas faixas laterais e do fundo do lote, onde passaram a funcionar os gabinetes dos deputados. Com exceção do primeiro bloco, projetado por Zélia Maia Nobre e implantado no flanco direito, os demais não tinham valor estético nem estabeleciam relação com o palácio, o que diminuiu sua importância no contexto urbano.Além da ausência de identidade arquitetônica, os acréscimos não ofereciam condições adequadas para acomodar deputados, assessores e demais funcionários, o que levou à abertura de uma licitação para adaptar a edificação às necessidades diárias. A solução vencedora, apresentada por Mário Aloísio Melo, do escritório Traço Planejamento e Arquitetura, partiu da ampliação dos anexos e da unificação das fachadas.
Os anexos contornam o Palácio Tavares Bastos, inaugurado em 1851
Os painéis de alumínio unificam os blocos anexos construídos em torno da Assembleia Legislativa
O acesso principal está no centro do prédio original
“O grande problema era a falta de espaço. Havia departamentos que a Assembleia queria levar para o prédio principal, mas não tinha lugar. Também não havia como adquirir terrenos adjacentes, pois o edifício está em uma área com cerca de dez metros de desnível em relação às ruas de fundo e laterais. A saída foi ocupar todo o limite do perímetro e criar o pavimento superior dos anexos. Com isso conseguimos atender os atuais 28 deputados, mas se o número aumentar não haverá lugar para todos”, resume Melo.
O aumento na área construída é de pouco mais de 1,3 mil metros quadrados.
O aumento na área construída é de pouco mais de 1,3 mil metros quadrados.
Todas as construções existentes foram mantidas e reestruturadas em acordo com as novas cargas previstas; apenas um dos volumes necessitou de estrutura completamente nova.
Além de diversos modelos de esquadrias e acessos autônomos, os anexos tinham diferentes níveis de piso, problema que foi resolvido com a criação de rampas que permitiram integrá-los como se fossem uma edificação única.
Detalhe da face leste
O detalhe da face oeste mostra o contraste entre o novo e o antigo
A passarela preexistente ganhou novas esquadrias de fechamento e manteve sua função original, de interligar os anexos ao plenário, localizado no primeiro andar do palácio. As antigas entradas independentes foram substituídas por uma nova, sob a passarela.
Externamente, a unificação dos blocos já previa o uso de uma pele metálica vazada de grande apelo estético, que ajudasse a resgatar a importância do prédio original.
“Ao pesquisar as opções, encontrei o artista plástico J. Maciel, que criou o painel compositivo com cerca de 80 imagens representativas da cultura popular alagoana, inspiradas nos livretes de cordel”, detalha Melo.
Com seis metros de altura e 200 de extensão, essa pele é formada por aproximadamente 2,4 mil módulos de 80 x 80 centímetros, feitos com alumínio reciclado fundido. Em acordo com o projeto, ela deveria estar a 60 centímetros das paredes, a fim de possibilitar a realização de serviços de pintura e manutenção.
Porém, como o alinhamento externo varia, em alguns pontos essa distância é bem menor. “Só percebemos o problema na hora de instalar o painel. Se tivéssemos visto antes, teríamos encontrado um jeito de resolver”, lamenta o arquiteto.
O projeto abrangeu ainda algumas intervenções no palácio, a maioria a título de manutenção, como troca de reboco e pintura. A exceção ficou por conta da abertura de uma sala para a imprensa na parte de trás do plenário e da instalação do estúdio da TV Assembleia na porção frontal.
Também foram reformulados os setores de atendimento ao público e aqueles que funcionam diretamente ligados ao plenário, tais como taquigrafia, atas e protocolos. Como o plenário havia sido reformado há pouco tempo, não demandou intervenção.
Externamente, a unificação dos blocos já previa o uso de uma pele metálica vazada de grande apelo estético, que ajudasse a resgatar a importância do prédio original.
“Ao pesquisar as opções, encontrei o artista plástico J. Maciel, que criou o painel compositivo com cerca de 80 imagens representativas da cultura popular alagoana, inspiradas nos livretes de cordel”, detalha Melo.
Com seis metros de altura e 200 de extensão, essa pele é formada por aproximadamente 2,4 mil módulos de 80 x 80 centímetros, feitos com alumínio reciclado fundido. Em acordo com o projeto, ela deveria estar a 60 centímetros das paredes, a fim de possibilitar a realização de serviços de pintura e manutenção.
Porém, como o alinhamento externo varia, em alguns pontos essa distância é bem menor. “Só percebemos o problema na hora de instalar o painel. Se tivéssemos visto antes, teríamos encontrado um jeito de resolver”, lamenta o arquiteto.
O projeto abrangeu ainda algumas intervenções no palácio, a maioria a título de manutenção, como troca de reboco e pintura. A exceção ficou por conta da abertura de uma sala para a imprensa na parte de trás do plenário e da instalação do estúdio da TV Assembleia na porção frontal.
Também foram reformulados os setores de atendimento ao público e aqueles que funcionam diretamente ligados ao plenário, tais como taquigrafia, atas e protocolos. Como o plenário havia sido reformado há pouco tempo, não demandou intervenção.
No total são 2,4 mil módulos de 80 x 80 centímetros, feitos com alumínio reciclado fundido
O prédio onde funciona o Legislativo foi originalmente construído para ser a sede do Tesouro estadual
O bloco dos anexos ganhou um pavimento, o que permitiu acomodar os 28 deputados
Passarela interliga os anexos ao plenário, no primeiro andar do prédio antigo
Vista posterior do prédio. O desnível entre as ruas chega a dez metros
Passarela ganhou novas esquadrias de fechamento
Texto de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 366 Agosto de 2010
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 366 Agosto de 2010